sexta-feira, novembro 25, 2005

Golpe de sorte?


As viagens são feitas de momentos como este...
Eu e o meu companheiro e amigo de viagem Alvaro, tinhamos saido do parque de campismo de Santorini (que em breve terá um post inteiramente dedicado a ela). Para quem nunca ouviu falar, Santorini é um belissima ilha grega, uma das mais a sul, já junto de Creta.
Estavam cerca de 40º e o ar abafado, partimos do parque de campismo até á estação de autocarros para irmos apanhar o barco de volta para Atenas. Como ironia do destino, e como se a ilha não nos quisesse deixar ir, não havia camionetas aquela hora para o porto e a fila para
apanhar o taxi era enorme e desanimadora...e só faltava 1 hora! Conhecemos naquele momento de espera, outro viajante, o Niccola, um aventureiro de milão que também ia embarcar no mesmo barco. A sua historia de viagem era no minimo inspiradora. Ela fora viajar durante um mês pelas ilhas gregas com a sua namorada, tinham-se zangado nos primeiros dias e desde então continuou, porém ela tinha ficado com a tenda...
Enquanto desesperavamos os três, os minutos passavam...e nem um taxi passava...
Foi então quando me lembrei de escrever num papel ( o da foto, um verdadeiro sobrevivente da nossa viagem), a direcção do nosso destino para que alguem nos oferecesse boleia. Ofereciamos 5 euros por cada pessoa, para alguém que nos levasse ao porto. Passado alguns minutos, parou um fiat seiscento amarelo, daqueles muito pequenos, onde dois gregos simpáticos nos ofereceram a tão desejada boleia...
Atafulhado até o tecto com malas e pessoal...lá nos levaram até ao porto..e para nossa surpresa não nos levaram dinheiro nenhum. Quando lhes oferecia o dinheiro, rejeitaram e disseram que como paga fizessemos o mesmo um dia por alguém...
É esta estranha irmandade que todos os viajantes partilham e que torna a experiência de viajar tão inesquécivel..
Os mais cepticos podem achar que tivemos apenas um golpe de sorte..eu acho que não foi só isso...

sexta-feira, novembro 18, 2005

A bussola que me leva...


Existem momentos que sinto que quero ir. Para onde? Pergunta-se a minha consciência. E a verdade é que nem eu sei. Sinto que quero dar uma oportunidade a mim próprio de viver outra vida, sob outra perspectiva. Parece que vivo nesta realidade à tempo demais. A verdade é que todos queremos viver vidas esplendorosas, ricas em aventuras e vivências inesqueciveis, mas também certamente é verdadeque apenas poucos são aqueles que as procuram.
Embora o choro de uma criança, o cheiro de terra molhada é igual quer aqui quer na china, é na forma como sentirei todas essas sensações que residirá a diferença. E é essa diferença que procuro avidamente...e com todas as minhas forças.
Penso bastante que no fim da vida, não terei nada de material para deixar aos meus filhos, mas aquilo que lhe posso dar com mais valor não é formado por atomos, mas sim de amor e ideais!

quinta-feira, novembro 17, 2005

Destino...

"Destino"

"Irmão navegante,
a sereia que procuras - teu destino,
um dia,
saída em choro do teu sangue,
podes tê-la
música na onda em que ressurja o brilho do luar
e onde na água do escuro haja uma estrela!"

Edmundo Bettencourt


Este poema, sobre o destino chegou ás mãos de um amigo meu, o Mário, que o partilhou comigo.

segunda-feira, novembro 14, 2005

O Meu amigo iraniano...


Era mais um noite do nosso interrail, eu e o meu companheiro Alvaro vinhamos de Katowice, Polónia e dirigiamo-nos para Berlim num comboio europeu nocturno. Do nosso compartimento, só uma das camas de cima se encontrava vaga. Faltava pouco para a meia noite, quando um rapaz um pouco perdido entrou no nosso compartimento. Disse-lhe que só a cama de cima se encontrava vaga. De um boa noite em inglês, começou uma conversa muito interessante. Tratava-se de um rapaz iraniano. Para ser franco, não sabia o que perguntar e como o misticismo ,que todos nós (ocientais) temos face a pessoas daquelas paragens, era muito grande, senti da minha parte pouco á vontade.
Porém a simpatia e a humildade que ele demonstrou quebrou qualquer gelo. Conversamos durante algum tempo, descobri que apesar de iraniano era cristão, que senti que havia alguma intolerância religiosa no seu pais face ao seu cristianismo. Em tudo isto descobri fantasticas coisas, que só a viajar se descobre, e que me enriqueceram de maneiras que nenhum livro me poderia ensinar. Com curiosidade, ele revelou-me que no Irão adoram portugueses, facto que indubitavelmente se relaciona com o Luis Figo. É interessante apercebemo-nos que a apesar das diferenças culturais ainda existe algo bastante forte que nos unia, a nossa humanidade. E fundamentalmente apesar de todas as diferenças que possam existir, a nossa humanidade quebra-as, pelo menos é a forma que quero acreditar que seja.
Na volatilidade do destino, o que depressa nos aproximou, depressa nos afastou, na entrada na alemanha, o serviço fronteiriços que viram os nossos passaportes, descobriram alguma irregularidade no seu e levaram-no com o consentimento dele.
Nunca soube o seu nome, mas quero-me lembrar dele como o meu amigo iraniano com o sorriso mais humilde que ja vi.

sábado, novembro 12, 2005

Quando o passado fica para trás...


Quando as cidades ficam para trás, cria-se um misto de nostalgia e de esperança. Nostalgia, pelos momentos que vivemos e as pessoas que por momentos caminharam paralelamente a nós, esperança pelo desejo que o futuro transcenda o passado...
No fim da viagem, a agenda de contactos está cheia, tantas pessoas que se cruzaram, olhares que se trocaram-me, histórias que ficaram por contar...
Quando falamos com alguém pela primeira vez, não importa muito a história da nossa vida, os nossos grandiosos feitos, nem o que ganhámos ou perdemos, interessa verdadeiramente o que somos, aquilo que nos torna unicos e singulares...

O que é viajar?


Realmente o que é viajar?
Não sei responder a esta questão.
Tenho procurado muito em todos os cantos, em todos as estradas por onde passo. Porém existe sempre algo de mistico que me afasta da resposta ou do objectivo inicial e me lança pelas páginas brancas do destino. É maravilhosa a sensação de vermos algo de novo, a sensação de que há muito por se descobrir a cada passo que damos. Observamos maravilhados com o que o mundo nos reservou.
Tenho a felicidade de encarar cada dia como uma viagem, e viajar para mim é a forma de viver...