segunda-feira, novembro 14, 2005

O Meu amigo iraniano...


Era mais um noite do nosso interrail, eu e o meu companheiro Alvaro vinhamos de Katowice, Polónia e dirigiamo-nos para Berlim num comboio europeu nocturno. Do nosso compartimento, só uma das camas de cima se encontrava vaga. Faltava pouco para a meia noite, quando um rapaz um pouco perdido entrou no nosso compartimento. Disse-lhe que só a cama de cima se encontrava vaga. De um boa noite em inglês, começou uma conversa muito interessante. Tratava-se de um rapaz iraniano. Para ser franco, não sabia o que perguntar e como o misticismo ,que todos nós (ocientais) temos face a pessoas daquelas paragens, era muito grande, senti da minha parte pouco á vontade.
Porém a simpatia e a humildade que ele demonstrou quebrou qualquer gelo. Conversamos durante algum tempo, descobri que apesar de iraniano era cristão, que senti que havia alguma intolerância religiosa no seu pais face ao seu cristianismo. Em tudo isto descobri fantasticas coisas, que só a viajar se descobre, e que me enriqueceram de maneiras que nenhum livro me poderia ensinar. Com curiosidade, ele revelou-me que no Irão adoram portugueses, facto que indubitavelmente se relaciona com o Luis Figo. É interessante apercebemo-nos que a apesar das diferenças culturais ainda existe algo bastante forte que nos unia, a nossa humanidade. E fundamentalmente apesar de todas as diferenças que possam existir, a nossa humanidade quebra-as, pelo menos é a forma que quero acreditar que seja.
Na volatilidade do destino, o que depressa nos aproximou, depressa nos afastou, na entrada na alemanha, o serviço fronteiriços que viram os nossos passaportes, descobriram alguma irregularidade no seu e levaram-no com o consentimento dele.
Nunca soube o seu nome, mas quero-me lembrar dele como o meu amigo iraniano com o sorriso mais humilde que ja vi.

2 comentários:

Nella_Leitinho disse...

Uma das maravilhas da arte de viajar é conhecer as maravilhas controversas da maravilha que é o nosso planeta. E sem sombra de dúvidas, conhecer alguém que marca para sempre a lembrança,...isto é uma dessas raras maravilhas e eternas memórias.
Também tive o prazer de conhecer inúmeras pessoas aquando viajo,e todas elas foram um prémio que incluia não só culturas mas tudo o que esta palavra implica:hábitos,informações, sentimentos,emoções, crenças,tendências, ideias,atitudes,história, valores, comportamentos,sorrisos de conhecimentos partilhados,moradas e telefones, momentos que só vou vivênciar uma vez e que espero nunca mais esquecer,pois todos os pequenos momentos,todos os pequenos sinais de camaradagem,todos os sinais por mais pequenos e invisíveis que possam ter sido,são um conforto para acalmar o meu peito aquando não estou a fazer aquilo que gosto: ...viajar...

Mar

Anónimo disse...

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